Quem não amou o Orkut? O Facebook? O Instagram? No começo, que seja. Quem não se surpreendeu com a facilidade de fazer uma pergunta e o celular responder? Ou melhor, a Siri? Quem não se encantou com a possibilidade de entrar em casa e pedir: “Alexa, acende a luz, toca tal música, liga pra fulano?” (Eu sempre tive medo da Alexa, mas eu sempre fui medrosa. Quem me conhece, sabe.) Quem não tem aplicativo de transporte? De comida? Quem não assina mais de um serviço de streaming?
Nós fomos deixando a Inteligência Artificial invadir a nossa vida, sempre pensando no nosso conforto. No nosso bem-estar. Bem, agora estamos assustados. Porque não percebemos o tanto que desejamos receber das máquinas. Mas sabemos que não queremos que elas tomem conta da nossa vida.
Queremos mais séries, mais filmes, mais serviços. E não paramos pra pensar na sustentabilidade de tudo isso. Chegou a hora. Como vamos pagar e como vamos ser pagos? Como vamos trabalhar? Como vamos controlar ou estabelecer o limite da máquina? Vai ter limite? O que vamos consumir, afinal?
Precisamos pensar enquanto é tempo. Se é que ainda dá tempo. Mas não dá pra ter micro-ondas, Uber, máquina de lavar isso, aquilo, carro, ônibus, avião, lancha, laser ultrassonografia, raio x, streaming, pix, caixa rápido e tudo mais que facilita e aumenta a expectativa de vida, sem lembrar que oceanos, países, povos, terras, florestas e planos podem ir pro espaço, enquanto passeamos e gargalhamos botocados e maquiados, esperando que alguém invente uma inteligência de qualquer tipo que impeça a nossa destruição. Quem não tá com medo desse futuro, que pode ser pra lá de esquisito, levanta a mão.