O Tal do Storytelling

Diz lá o Yuval Noah Harari, no “Sapiens – Uma Breve História da Humanidade” -, que criar histórias nos garantiu o senso de cooperação e, assim, a sobrevivência. E a cada dia que passa eu me convenço mais de que realmente somos incapazes de viver sem contar histórias. Sejam as nossas pro mundo, as nossas pra nós mesmos, ou as dos outros pra outros ainda – vulgo fofocas ou filmes ou séries ou livros ou histórias em quadrinhos, como você preferir chamar.

O fato é que somos viciados nessa cachaça narrativa. E isso pode ser sensacional. Ou nem tanto. Principalmente se a gente escolher mal como contar a própria história. Pra gente mesmo. Ali, na calada da noite.

Tem aquilo de que o universo nos devolve aquilo que a gente joga pra ele, não tem? Pois. E o que a gente devolve pra gente? Será que não segue o mesmo princípio? Nao tô falando de um negócio meloso de ser amalucadamente autoindulgente. Nunca! Mas será que a gente não pode olhar melhor as peças do tabuleiro e escolher um jeitinho mais bacana de contar a própria história?

Eu vivo do storytelling desde que me entendo por gente. Como atriz, passei anos contando histórias escritas por outrem, escrevendo as minhas escondida – de mim mesma; depois botei as manguinhas e os escritos de fora; me arrisquei a dirigir. E tudo isso me deu uma noção tão maravilhosa e prática da tridimensionalidade da arte, que inventei essa coisa doida que venho fazendo amando fazer no Instagram: escrever e me dirigir e interpretar meu próprio texto.

A história da Amanda tem sido meu desafio e minha delícia. E me trouxe a possibilidade de uma experiência de integração que eu nunca tinha arriscado: me misturar objetiva e conscientemente com ela, a personagem. E assim eu aprendo e passo aprendizados de partes de mim pra outras. (Eu tô até fazendo bolos, cem Ôr!)

Essa viagem do vídeo, eu fiz com a Amanda. Viajar é uma forma de sermos outros em lugares que não nos conhecem. Podemos experimentar facetas, trejeitos, modos de vestir, que não “temos coragem” na nossa “vida normal real”. Por isso, costumamos dizer: “tive um sonho que foi uma viagem, ou essa viagem foi um sonho”. Porque não estamos habituados à liberdade de sermos vários, várias, ao mesmo tempo. Somos treinados a apresentar características definidas e sólidas. E vamos deixando nossas necessidades no caminho. Vamos nos afastando de nós.

Por isso amamos a ficção. As novelas, as séries, os livros, a vida dos outros. Porque podemos ser nós mesmos em outros.

Mas será que não podemos nos reencontrar e diversificar a partir da nossa própria ficção? Usar as ferramentas narrativas pra mudar o nosso ponto de vista sobre a nossa história? Eu tenho feito isso. Ao longo da vida. A cada experiência artística. E ando pensando que isso pode ser legal pra mais gente.

Se você acha que sim, comenta aqui embaixo? E se lembrar de alguém que pode se identificar com esse tema, marca aqui?

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