Um livro é um livro é uma porção de palavras impressas (ou não) numa página em branco em creme (pra pele, pra alma) é um sim é um não é um talvez. Também tem pontos (todos eles, o parágrafo, o e-vírgula, o final) ou vírgulas ou travessões ou simplesmente a falta de sinais. O tanto que uma porção de desenhos pode provocar, já que hoje se sabe que junção de letras é palavra e palavra é sentido (em todos os sentidos), talvez seja o mesmo que um nascimento, uma morte, um acidente de carro, um sonho de padaria, um de verdade, um porre, uma dúvida, um0a certeza. Sensações transformadas em matéria. Bruta, prima, sólida, líquida ou gasosa. Matéria animal, vegetal, mineral. Matéria escura. Interestelar. Matéria plástica.
Um livro não é só um livro não é só uma porção de palavras impressas (ou não) numa página em branco em creme (pra pele, pra alma) não é um sim não é um não nem é um talvez. Tem gente que nem liga, nem lê. Não lê bula de remédio, nem revista. Vê televisão e vai ao cinema. Ouve música. Bate papo. Bate-papo de botequim, de fim de festa, de supermercado, de academia, de casal, de trabalho. Palavras, palavras, palavras. Sempre. Um beijo. Palavras. Uma perseguição de carros no cinema, muitas palavras. A briga da mãe e da filha na novela das oito, das sete, qualquer uma. Palavras, pontos (todos eles!), lágrimas, gritos de aceitação ou de revolta. Palavras fazem isso com as imagens, também. Palavras fazem isso e aquilo com a gente.
Um livro é um livro. É uma porção de palavras impressas (ou não) numa página em branco, em creme (pra pele, pra alma). É um sim. É um não. É um talvez. Se “money makes the world go round”, palavras fazem o mundo melhor. Ou não.
“C’est l’amour, l’amour, l’amour / Qui fait le monde a la ronde”.