Eu sempre soube que era melhor viver na ficção. Desde pequena, quando passava horas mergulhada de corpo e alma nos livros. Os personagens, os lugares. Eram tantas possibilidades de vida que eu ficava louca. Assim que deu, fui fazer teatro, e nunca vou me esquecer da primeira vez que subi num palco de verdade, com plateia assistindo. Era uma peça de final de curso, mas a sensação no meu corpo era de “é aqui que eu quero morar”. E assim foi. Fiz peças, montei grupos, escrevi, até que a TV chegou na minha vida. Entrei no meio de uma novela da Manchete, fazendo uma personagem pequenininha, a Cotinha, uma prostituta de Tocaia Grande. Logo depois, veio a Paulina, de Xica da Silva; depois, a Isaura, de O Beijo do Vampiro; a Simone, de Começar de Novo; a Rita, de Eterna Magia; uma portuguesa (esqueci o nome dela :O), de Um Só Coração e… a Leninha, de Escrito Nas Estrelas. A Leninha foi um dos maiores presentes que ganhei nessa tal de vida artística. Eu já tinha começado a escrever profissionalmente e nem andava pensando em atuar. Aí, a Eliane — minha amiga que escrevia a novela com a Elizabeth Jhin — me liga e pergunta se eu ficaria a fim de fazer uma personagem assim, assado. Topei na hora. Um pouco depois, lá tô eu de novo numa novela da Beth, Amor Eterno Amor, fazendo a Regina.
Mas, nisso, eu já tinha sido mordida pelo bicho da escrita. Tinha feito um curso gringo de roteiro, o Writers Boot Camp, em Los Angeles, e já tinha traduzido muitos livros — entre eles, best-sellers de Marian Keyes e Nora Roberts. Aí, adaptei e dirigi minha primeira peça, O Conto da Ilha Desconhecida; e escrevi a primeira série da minha vida: Quase Anônimos, do David França Mendes, pro Multishow. Logo depois, mergulhei no meu primeiro romance, O Céu Pode Esperar Mais Um Pouquinho, que lancei em 2013, e foi finalista no Prêmio Açorianos de Literatura. Aí, comecei a escrever direto pra TV. Colaborei num episódio de Cilada, escrevi pra série As Canalhas; entrei pra equipe de Tapas e Beijos; escrevi o argumento da série Terminadores; fiz Prata da Casa na Fox; Alucinadas, no Multishow. Então lancei meu segundo romance: Depois da Chuva. E foi nessa época que chegou o convite mais emocionante: fazer a próxima novela da Elizabeth Jhin, Espelho da Vida, na Globo. Agora como roteirista! Foi o céu. Uma experiência sensacional. Depois veio Filhas de Eva , também na Globo. E mas duas peças: Amor É Química, que escrevi com o David França Mende; e o monólogo Lygia., escrito a partir dos diários da Lygia Clark, que foi indicado ao APCA de dramaturgia. A quatro mãos com a Bel Kutner, também dirigi esse espetáculo. Fizemos uma temporada maravilhosa no Rio de Janeiro, mas quando estávamos de malas prontas pra estrear em São Paulo… a Covid nos parou. Parou o mundo. E todo o meu universo — que precisa tanto do corpo a corpo — ficou em suspenso.
Foto: Eduardo Alonso
No meio desse susto que tomou conta do planeta, me juntei a uma turma sensacional de escritores pra contar histórias de amor. Daí saiu o livro de contos: Amores Confinados — Histórias Românticas em Tempos Virulentos. E foi mais uma experiência maravilhosa. Publiquei outros contos ao longo da estrada. Um, na Revista Flaubert, outro numa antologia. Até um em inglês! Numa revista americana de Pulp Fiction, chamada Out Of The Gutter. Recentemente, fiz parte da equipe de roteiristas do remake de Dona Beja, novela de sucesso na extinta TV Manchete, em 1986. E que agora será exibida na HBO Max.
Enfim. Seja na frente ou atrás das câmeras, nunca estive com os dois pés cem por cento na realidade. Nem quero. A minha cabeça ferve de ideias, histórias e personagens. E a minha vida só tem sentido com isso tudo. Ao mesmo tempo. Agora.
Eu sempre soube que era melhor viver na ficção. Desde pequena, quando passava horas mergulhada de corpo e alma nos livros. Os personagens, os lugares. Eram tantas possibilidades de vida que eu ficava louca. Assim que deu, fui fazer teatro, e nunca vou me esquecer da primeira vez que subi num palco de verdade, com plateia assistindo. Era uma peça de final de curso, mas a sensação no meu corpo era de “é aqui que eu quero morar”. E assim foi. Fiz peças, montei grupos, escrevi, até que a TV chegou na minha vida. Entrei no meio de uma novela da Manchete, fazendo uma personagem pequenininha, a Cotinha, uma prostituta de Tocaia Grande. Logo depois, veio a Paulina, de Xica da Silva; depois, a Isaura, de O Beijo do Vampiro; a Simone, de Começar de Novo; a Rita, de Eterna Magia; uma portuguesa (esqueci o nome dela :O), de Um Só Coração e… a Leninha, de Escrito Nas Estrelas. A Leninha foi um dos maiores presentes que ganhei nessa tal de vida artística. Eu já tinha começado a escrever profissionalmente e nem andava pensando em atuar. Aí, a Eliane — minha amiga que escrevia a novela com a Elizabeth Jhin — me liga e pergunta se eu ficaria a fim de fazer uma personagem assim, assado. Topei na hora. Um pouco depois, lá tô eu de novo numa novela da Beth, Amor Eterno Amor, fazendo a Regina.
Mas, nisso, eu já tinha sido mordida pelo bicho da escrita. Tinha feito um curso gringo de roteiro, o Writers Boot Camp, em Los Angeles, e já tinha traduzido muitos livros — entre eles, best-sellers de Marian Keyes e Nora Roberts. Aí, adaptei e dirigi minha primeira peça, O Conto da Ilha Desconhecida; e escrevi a primeira série da minha vida: Quase Anônimos, do David França Mendes, pro Multishow. Logo depois, mergulhei no meu primeiro romance, O Céu Pode Esperar Mais Um Pouquinho, que lancei em 2013, e foi finalista no Prêmio Açorianos de Literatura. Aí, comecei a escrever direto pra TV. Colaborei num episódio de Cilada, escrevi pra série As Canalhas; entrei pra equipe de Tapas e Beijos; escrevi o argumento da série Terminadores; fiz Prata da Casa na Fox; Alucinadas, no Multishow. Então lancei meu segundo romance: Depois da Chuva. E foi nessa época que chegou o convite mais emocionante: fazer a próxima novela da Elizabeth Jhin, Espelho da Vida, na Globo. Agora como roteirista! Foi o céu. Uma experiência sensacional. Depois veio Filhas de Eva , também na Globo. E mas duas peças: Amor É Química, que escrevi com o David França Mende; e o monólogo Lygia., escrito a partir dos diários da Lygia Clark, que foi indicado ao APCA de dramaturgia. A quatro mãos com a Bel Kutner, também dirigi esse espetáculo. Fizemos uma temporada maravilhosa no Rio de Janeiro, mas quando estávamos de malas prontas pra estrear em São Paulo… a Covid nos parou. Parou o mundo. E todo o meu universo — que precisa tanto do corpo a corpo — ficou em suspenso.
No meio desse susto que tomou conta do planeta, me juntei a uma turma sensacional de escritores pra contar histórias de amor. Daí saiu o livro de contos: Amores Confinados — Histórias Românticas em Tempos Virulentos. E foi mais uma experiência maravilhosa. Publiquei outros contos ao longo da estrada. Um, na Revista Flaubert, outro numa antologia. Até um em inglês! Numa revista americana de Pulp Fiction, chamada Out Of The Gutter. Recentemente, fiz parte da equipe de roteiristas do remake de Dona Beja, novela de sucesso na extinta TV Manchete, em 1986. E que agora será exibida na HBO Max.
Enfim. Seja na frente ou atrás das câmeras, nunca estive com os dois pés cem por cento na realidade. Nem quero. A minha cabeça ferve de ideias, histórias e personagens. E a minha vida só tem sentido com isso tudo. Ao mesmo tempo. Agora.